Para
a psicóloga Maria Aparecida das Neves, os animais domésticos precisam
de carinho, cuidado e atenção, mas deve haver bom senso e equilíbrio
São Paulo, 13 de maio de 2014 – Certamente
você já ouviu alguém se referir ao animal de estimação como “filho” e
pode até não ter estranhado o fato. “Hoje em dia, muitos animais são
como membros da família. Antigamente, lugar de cachorro era no quintal,
mas com a criação de raças menores, essa realidade mudou”, detecta a
psicóloga Maria
Aparecida
das Neves. Mas, para além de terem “entrado em casa”, muitos animais
domésticos acabam, por vezes, substituindo o contato do dono com outras
pessoas. Alguns casais, por exemplo, optam por ter um animal de
estimação antes de ter filhos, para testar se saberão cuidar de um ser
que depende deles. Para Aparecida, esta é uma escolha saudável e
benéfica desde que, depois da chegada do bebê, não se abandone o animal –
que pode viver mais de uma década de alguns casos.
Mas,
quando as pessoas acabam por se isolar por causa de seus animais de
estimação, é preciso ficar atento. Muitas afirmam que não podem sair
para se divertir, frequentar festas ou ir à casa de amigos pois seus
animais de estimação não podem ficar sozinhos. Nesses casos, alerta a
psicóloga, é preciso rever a relação com o animal e o que ela significa
para o dono.
“Os
bichos são domesticados, tornam-se companheiros, criam um vínculo
afetivo e suprem uma carência dos donos. Um animal de estimação não fica
magoado, não tem rancor. Por isso, eles voltam, abanando o rabo depois
de levarem bronca. O problema é quando o dono toma esse retorno
integral, essa relação de zero risco afetivo, como padrão”, diz a
psicóloga.
Se
o dono confia mais em animais que em pessoas, corre o risco de
generalizar relações humanas e fazer com que elas sejam fadadas ao
fracasso. “É um sintoma de carência”, define Aparecida. Ela diz que os
animais podem, sim, ficar sozinhos, se forem condicionados a isso. “Os
animais são domesticados, são os donos que educam e definem como eles
devem se comportar, como se alimentar e onde fazer suas necessidades.
Quando diz que o bicho não pode ficar sozinho, é o dono que está criando
uma ilha de ilusão”, acredita.
Outro
sintoma de que essa relação entre um ser humano e um bicho está
passando dos limites é quando o dono já não entende que não pode levar
um animal a um ambiente social. A psicóloga diz que é preciso entender e
aceitar onde o bicho pode ou não ser levado. “É claro que a pessoa pode
escolher frequentar cafés, hotéis e locais onde os bichos são
permitidos – isso é uma relação saudável”, afirma.
A
psicóloga acredita que, sempre que o trato de um animal de estimação
estiver causando incômodo para outras pessoas, é preciso refletir a
respeito. Ela dá como exemplo uma situação na qual uma pessoa visita a
casa da outra e o animal que ali mora traz incômodo – latindo em
demasia, mordendo, lambendo ou pulando. “Se o dono não fizer nada, o que
pensar... O dono não é obrigado a prender o animal, mas a visita também
não é obrigada a passar por uma situação que incomoda”, sugere.
Ela
lembra que a chave para evitar problemas é o bom senso. “Não se pode
privilegiar o bem-estar do animal – e vice-versa. É preciso avaliar o
que é melhor para os dois. Excessos sempre trazem prejuízo, até mesmo
excessos de amor”, acredita.
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