PESSACH – A PÁSCOA JUDAICA
Por Rabino Yacov Gerenstadt (Rabino e estudioso da Cabala).
A festa de Pessach, que neste ano será comemorada entre os dias 6 e 14 de abril, representa a libertação do povo judeu do exílio egípcio.
Com certeza, o que melhor representa essa festa é o pão ázimo, ou, em hebraico, matsá, que é ingerido nas refeições durante os oito dias de comemorações. O pão ázimo, diferentemente do pão tradicional, é protegido de modo que não venha a fermentar, em lembrança à saída do Egito, pois, na pressa da fuga, a massa não teve tempo hábil para fermentar e crescer.
Antes da festa de Pessach, é necessário que se faça uma limpeza diligente para que não sobre nenhum alimento levedado na casa. Ou seja, a proibição não é somente a de não ingerir, mas até mesmo a de possuir comidas fermentadas. Por esta razão, antes do início da festa, uma busca por alimentos fermentados é realizada nas casas judias. Qualquer alimento encontrado depois da "limpeza" da casa é queimado no dia seguinte.
Essa tradição possui um significado e um ensinamento místico e psicológico muito importante nos dias de hoje. O fermento, que causa um efeito de crescimento, representa um estado de orgulho, enquanto a matsá está ligada à humildade.
Maimônides escreve que de todas as virtudes negativas, o orgulho é a pior de todas, pois ele é a origem de uma série de maus hábitos e comportamentos, como o egoísmo, a inveja, ganância, raiva e outros. Portanto, precisamos nos afastar do orgulho ao máximo.
De acordo com as recomendações de Maimônides, devemos, de um modo geral escolher o caminho do meio. Não precisamos ser muito avarentos, mas também não devemos gastar todo nosso dinheiro, não podemos ser gulosos, mas também não há necessidade de nos privar da comida, devemos comer aquilo que o corpo necessita para ter uma boa saúde. Porém, no caso do orgulho, Maimônides aconselha a nos afastarmos ao máximo, até o extremo oposto, à humildade.
A festa de Pessach é o momento ideal para trabalharmos essa virtude. Precisamos aproveitar os dias que antecedem a festa para limpar o orgulho dentro de nossas almas e, caso sobre alguma "migalha", devemos queimá-la até que não sobre nenhum resquício de orgulho.
:.Sobre o Rabino e estudioso da Cabala Yacov Gerenstadt.:
Em 1988, com apenas 18 anos de idade, Yacov Gerenstadt ingressou em uma jornada de conhecimento e estudo da Torá. Por dois anos, viveu no seminário rabínico (Yeshiva) da cidade cabalística de Safed, em Israel, em seguida, mudou-se para Nova York em busca da sua ordenação rabínica; conquistada no ano de 1994. Fascinado pelas peculiaridades e principalmente pelos ensinamentos da Cabala, Rabino Yacov decide retornar para Israel e aprimorar os seus conhecimentos sobre esta cultura milenar.
De volta ao Brasil, foi responsável por quatro Sinagogas e recentemente, recebeu o convite do Rabino Yitschak Ginsburgh, fundador do Gal Einai, Instituto Internacional de Difusão de Cabala, para presidir a primeira unidade do Gal Einai no Brasil e disseminar os ensinamentos místicos da autêntica Cabala, ao povo brasileiro.