Câncer de tireoide: ultrassom é alternativa à repetição da biópsia
Estudo
publicado recentemente no jornal “Radiology” revela que o ultrassom vem
sendo considerado uma alternativa segura na detecção de nódulos
malignos na tireoide – principalmente depois que a punção aspirativa com
agulha fina não se mostra conclusiva. De acordo com o médico Thomas
Anderson, do Rhode Island Hospital, embora as orientações-padrão
indiquem a necessidade de se repetir a punção nesses casos, pesquisas
comprovaram a superioridade do ultrassom, que se mostrou mais eficiente.
Embora
os nódulos na tireoide sejam tipicamente benignos, entre 5% e 15% podem
apresentar malignidade. Sem substituir a punção aspirativa, o ultrassom
é altamente recomendado em casos em que o diagnóstico deixa dúvidas. Na
opinião do especialista norte-americano, a primeira biópsia costuma
detectar 85% dos casos, sendo considerada uma taxa alta. Mesmo assim,
quando realizada uma segunda vez, o nível de detecção pode ser
substancialmente menor. Daí a importância de contar com a precisão do
ultrassom.
O
médico radiologista Osmar Saito, do Centro de Diagnósticos Brasil, em
São Paulo, afirma que nos últimos anos houve aumento no diagnóstico de
câncer de tireoide. Em compensação, como a doença vem sendo
diagnosticada em estágio inicial, houve queda de mortalidade. “Vale
ressaltar que a presença de um nódulo na tireoide não significa que a
pessoa esteja com câncer. Mas, embora esse tipo de câncer apresente
ótima evolução, pacientes com história de irradiação prévia na região do
pescoço ou com histórico de doença tumoral tireoidiana na família
deverão ser submetidas a uma pesquisa clínico-laboratorial e exames de
imagem mais minuciosos”, diz.
O
radiologista alerta para os sinais que devem indicar a necessidade de
se consultar um médico e fazer os exames necessários: queixa de cansaço
intenso e sem motivo aparente; dificuldade de concentração; se esquecer
de realizar tarefas simples; notar que o cabelo ficou mais ralo, as
unhas quebradiças e a pele mais seca; e ganhar peso mesmo quando a
alimentação está sob controle. Esses são alguns dos sinais de
hipotireoidismo, por exemplo, uma insuficiência na produção dos
hormônios T3 e T4. Mais comum em mulheres do que em homens, os
distúrbios da tireoide geralmente surgem a partir dos 30 ou 40 anos.
Disfunções
na tireoide podem ser diagnosticadas por um simples exame de sangue em
que são realizadas as dosagens dos hormônios tireoidianos T3 e T4, além
do TSH – hormônio produzido pela hipófise e que estimula a tireoide a
‘fabricar’ hormônios. Também poderá ser solicitada a dosagem de
autoanticorpos. Entretanto, se houver suspeita de nódulos, o médico
poderá solicitar exames complementares, como ultrassonografia,
cintilografia ou biópsia.
“É
importante que a ultrassonografia da tireoide seja realizada por um bom
profissional e com equipamento sensível e transdutor de frequência
apropriada. Também é fundamental ter plena consciência da história
clínica da paciente e do que procurar durante o exame”, diz Saito. O
médico alerta que utilizar a técnica corretamente, produzir boa
documentação fotográfica e descrever as alterações significativas no
corpo do laudo, são passos que certamente beneficiarão a paciente e
atenderão as expectativas do médico que solicitou o exame. “Vale
ressaltar novas tecnologias que ajudam na identificação de um nódulo
tumoral maligno, como o ultrassom com doppler colorido – já que na
grande maioria dos tumores malignos há o encontro de vasos sanguíneos na
parte central do nódulo. Outro avanço tecnológico é o ultrassom com
elastografia – nova tecnologia que avalia o grau de elasticidade do
nódulo. Em princípio, os nódulos malignos apresentam baixo grau de
elasticidade, enquanto os benignos apresentam alto grau de elasticidade e
isso tudo pode ser avaliado”.
Como
no Brasil nem todos os centros diagnósticos contam com equipamentos de
ponta e operadores bem treinados, Osmar Saito acredita que, em
determinados casos, é preferível se concentrar nas características
apresentadas pelo ultrassom para tentar selecionar os nódulos com risco
aumentado para câncer.
Fonte: Dr. Osmar Saito, médico radiologista do Centro de Diagnósticos Brasil (CDB),
em São Paulo. (www.cdb.com.br)
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