Acadêmicos da UNIFENAS/VARGINHA realizam pesquisa sobre a qualidade da água dos equipamentos de consultórios odontológicos
Resultado obtido foi alarmante; trabalho teve tanta repercussão, que foi publicado pela revista do Conselho Regional de Odontologia de Minas Gerais
Você já parou para pensar se a água utilizada pelo seu dentista, em procedimentos realizados na sua boca, está livre de contaminação? Muitas pessoas devem ter pensado nessa situação somente agora. Quando entramos em um consultório, reparamos se os equipamentos estão esterilizados, se a cadeira está limpinha, se o profissional usa luva e até mesmo se a roupa do dentista está realmente limpa. Mas a água, que é colocada dentro da sua boca, parece ficar em segundo plano.
Dois acadêmicos da UNIFENAS/VARGINHA não deixaram esse assunto passar em branco. Eles se depararam com a relevância do tema e decidiram realizar uma pesquisa sobre a qualidade da água utilizada em equipamentos odontológicos. O resultado não é nada satisfatório, chegando a ser alarmante. “A contaminação encontrada contraria o padrão de potabilidade vigente e os princípios de biossegurança preconizados para a prática odontológica”, relata o agora dentista, Nichson de Oliveira.
O seu companheiro de pesquisa foi o aluno de Farmácia, Ritierles Peloso da Silva, que atualmente está no último período do curso. O trabalho desenvolvido pelos dois foi tema da monografia que apresentaram em conjunto no primeiro semestre de 2010. Após a aprovação na Universidade, o trabalho científico foi enviado para análise da editoria da revista do Conselho Regional de Odontologia de Minas Gerais, que publicou o artigo relacionado ao assunto na edição de número 3.
Essa publicação demonstra a relevância do assunto e também a qualidade do trabalho desenvolvido pelos dois. Toda a pesquisa está baseada em dados coletados pelos próprios autores, que visitaram 20 consultórios - entre públicos, privados, acadêmico e populares - onde recolheram amostras da água utilizada na cadeira odontológica e ainda entrevistaram os dentistas. “Além de levantar dados sobre a qualidade da água, nós também tínhamos como objetivo verificar o nível de conscientização dos profissionais sobre o assunto”, explicou Nichson.
Depois de serem recolhidas, as amostras foram submetidas à análise microbiológica, no próprio laboratório de Farmácia da UNIFENAS/VARGINHA, seguindo, rigorosamente, o método internacional de análise.
Resultados
As 20 amostras dos consultórios apresentaram quantidades alarmantes de bactérias. O número de bactérias mesófilas ficou compreendido entre 1.600 e 145.000 Unidades Formadoras de Colônias (UFC) por mililitro. Esses números obtidos estão muito acima do limite (200 UFC/mL) preconizado pela American Dental Association, bem como do limite máximo estabelecido pela Portaria n° 518\2004 do Ministério da Saúde, que é de 500 UFC/mL.
A pesquisa também inclui teste de Pseudômonas, bactéria presente em infecções hospitalares, mas nas amostras de água dos consultórios, sua presença não foi verificada.
Em relação ao questionário aplicado aos dentistas, foi constatado que grande parte dos profissionais (45%) não toma nenhuma medida preventiva em relação a essa água e 35% chega a pensar que ela é potável. E, pior, só 15% citou tomar alguma providência nesse quesito.
A conclusão a que chegaram os pesquisadores após os estudos foi que há uma alta prevalência de contaminação da água utilizada nos equipamentos odontológicos e que se faz urgente a conscientização dos dentistas e de suas equipes para monitoramento periódico da qualidade dessa água, bem como da tomada de medidas efetivas para resolver o problema. Os pesquisadores apontaram, no final do trabalho, alternativas para combater a contaminação de linhas d’água utilizadas. Soluções simples e práticas, que se forem seguidas, garantirão segurança para todos os pacientes.
Da teoria à prática
Além de produzirem esse importante trabalho, os acadêmicos tiveram, ainda, um papel importante ao darem ciência aos entrevistados sobre o resultado das pesquisas. Os dentistas que cederam amostras de água para análise, foram informados sobre os resultados e também orientados de como proceder para utilizar em seus pacientes uma água livre de contaminação e riscos. O agora profissional, Dr. Nichson, já montou seu consultório e dá uma atenção especial à questão da biossegurança. Por conhecer de perto a realidade do que se é oferecido, tem sido precavido e colocado em prática todos os cuidados necessários para oferecer aos seus pacientes além de um serviço de qualidade, a tranquilidade de que a contaminação passe bem longe de sua boca.
Ótima matéria, nunca pensei nesse detalhe e acho que a maioria das pessoas tb não.
ResponderExcluirUm ótimo alerta a todos.
Bjos...
Lili