REVALIDAÇÃO DE DIPLOMAS MÉDICOS
CFM defende aprovação em Revalida para dar segurança ao
paciente
Ao permitir que médicos formados em outros países atuem no Brasil
antes de aprovação em exame de revalidação de diplomas de Medicina obtidos no
exterior (Revalida), o Governo cria duas categorias de profissionais: os de
primeira linha, com graduação em universidades nacionais ou com diplomas
revalidados, que podem atender em qualquer localidade; e os de segunda linha,
sem competência devidamente avaliada, com atuação restrita ao Programa Mais
Médicos e sem condições de responder com plenitude às exigências da
população. Esse é o entendimento do Conselho Federal de Medicina
(CFM).
“No Brasil, o currículo das escolas médicas prioriza a formação de
médicos em condições de responder às diferentes necessidades da população: desde
uma simples consulta até um atendimento de urgência, como emergências cardíacas,
comuns nos prontos-socorros. Oferecer indivíduo com perfil distinto é iludir os
moradores das áreas mais carentes, pois se houver um caso grave esse médico de
segunda linha terá dificuldades em agir, podendo, inclusive, causar até
danos maiores”, afirmou o presidente do Conselho Federal de Medicina (CFM),
Roberto Luiz d’Avila.
Essa possibilidade é real e fica ainda mais forte com a
confirmação de que um grupo de 48 profissionais que já atua no Mais Médicos
integra o contingente de 1440 candidatos reprovados na primeira fase no Revalida
deste ano. Eles são intercambistas que fazem parte dos 681 selecionados para a
primeira rodada do Programa criado pelo Governo, que dispensou a exigência legal
de reconhecimento do diploma estrangeiro. Estão lotados em postos de saúde de 36
municípios de 15 Estados, a maior parte em São Paulo.
Para o conselheiro Desiré Carlos Callegari, 1º secretário do CFM,
a população tem o direito de conhecer os detalhes dessa situação, até para
decidir se quer, ou não, ser atendidas por pessoas que não conseguiram comprovar
os conhecimentos em Medicina. “Essa situação expõe os pacientes à risco. É uma
operação irresponsável. Um indivíduo investido do cargo de médico tem a
autoridade de definir como um cidadão vai tratar uma doença. Se não for
preparado para tanto, pode deixar esse doente ainda mais vulnerável”,
alerta.
O Revalida foi criado por meio de uma portaria interministerial,
em 2010, e tem sido aplicado desde então, anualmente. Os percentuais de
aprovação não têm ultrapassado os 13% e apontam as carências na formação dos
candidatos, que demonstram desconhecimento de sintomas, técnicas e procedimentos
exigidos de um egresso de uma escola médica brasileira que ainda não passou por
uma especialização. A nota de corte – fixada em cinco – exige o mínimo de
conhecimento geral de um médico para atuar no Brasil.
“Trata-se um exame com
parâmetros claros e equânimes, tomando por base o perfil do
médico recém-formado no Brasil, para promover uma avaliação efetiva dos
candidatos à revalidação de diplomas e que tem condições de medir o nível
esperado de desempenho dos candidatos. Somos contra propostas de calibragem ou
ajustes que podem desvirtuar o projeto coordenado pelos Ministérios da Educação
e da Saúde”, afirmou Carlos Vital, 1º vice-presidente do Conselho
Federal.
Em seu formato atual, defendido
pelo CFM, o Revalida é aplicado em 36 universidades públicas de
todo o país. As provas são realizadas uma vez por ano em duas etapas. Da
primeira, consta uma avaliação escrita - composta por uma prova objetiva e uma
prova discursiva. Na segunda etapa, avaliam-se as habilidades clínicas. Este
ano, apenas 9,7% dos candidatos habilitaram-se para a última fase o que, para o
CFM, demonstra o seu despreparo técnico-científico.
Assessoria de Imprensa
Conselho Federal de Medicina
(61) 3445-5940
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