BALANÇO SEMANAL — 05 a
09/08/2013
- Após intenso período de
negociação, governo anuncia Leilões de Opções Públicas para o café; No total, a
disponibilidade de recursos para a safra 2013/14 chega a R$ 5,76
bilhões
OPÇÕES PÚBLICAS DE VENDA — Na quarta-feira,
7 de agosto, a Presidente da República Dilma Rousseff anunciou, em Varginha
(MG), a implantação de um programa de Opções Públicas de Venda que envolverá 3
milhões de sacas de 60 kg de café, para exercício em março de 2014, a um preço
unitário de R$ 343, o que implica a destinação de R$ 1,03 bilhão às políticas
estratégicas do setor.
O Conselho Nacional do Café (CNC) entende que essa medida,
ainda que tardiamente, vem ao encontro das necessidades pontuais do setor, pois
extinguirá uma pressão vendedora, haja vista que o produtor poderá adquirir os
financiamentos do Fundo de Defesa da Economia Cafeeira (Funcafé) e aguardar para
negociar parte de sua safra mais adiante, quando acreditamos que o mercado
apresente preços melhores em relação às defasadas cotações atuais, podendo, no
mínimo, cobrir seus custos de produção e almejar lucro na atividade.
Após intensas rodadas de negociações das lideranças da
produção, como o CNC e a Comissão Nacional do Café da CNA, com o Governo
Federal, nas esferas da Casa Civil e dos Ministérios da Agricultura, da Fazenda
e do Planejamento, aos quais agradecemos pelo trabalho empenhado, o setor
entende como positivo o anúncio dos Leilões de Opções, ainda que não ao valor
por saca de R$ 360 que desejávamos, principalmente por sinalizar ao mercado um
valor piso pelo qual venderemos nosso produto. Isso implica que não aceitamos os
preços aviltados praticados e que vamos comercializar a saca a partir do valor
referencial de R$ 343.
LIBERAÇÕES DO FUNCAFÉ — Em reunião
extraordinária realizada também na quarta-feira, o Conselho Deliberativo da
Política do Café (CDPC) ratificou a distribuição dos recursos do Fundo de Defesa
da Economia Cafeeira para a safra 2013/14, os quais somarão R$ 3,16 bilhões. A
distribuição dos valores para cada uma das linhas de financiamento ficou
definida da seguinte maneira:
- Estocagem: R$ 1,140 bilhão
- Custeio/Colheita: R$ 650 milhões
- FAC: R$ 500 milhões
- Capital de giro para cooperativas: R$ 450 milhões
- Capital de giro para torrefação e moagem: R$ 200
milhões
- Capital de giro para solúvel: R$ 150 milhões
- Mercado de futuros e opções: R$ 50 milhões
- Recuperação de cafezais: R$ 20 milhões
Além disso, foi anunciado que o Banco do Brasil destinará
mais R$ 1,570 bilhão (recursos próprios, a taxa de juros do crédito rural) ao
setor, sendo R$ 1 bilhão para aquisição e estocagem do produto, e R$ 570 milhões
para compra por parte do setor industrial.
Dessa maneira, a destinação total de recursos à cafeicultura
na safra 2013/14 totaliza R$ 5,76 bilhões (R$ 3,16 bi do Funcafé, R$ 1,570 bi do
BB e R$ 1,03 bi para o programa de Opções), o maior registrado na história,
apesar do atraso na liberação da verba.
Ainda na reunião extraordinária do CDPC, os representantes do
Governo Federal informaram que os agentes financeiros interessados em operar com
recursos do Funcafé já negociaram e assinaram os contratos nesta semana, o que
implica que a operacionalização desse capital começará a partir da semana que
vem.
MERCADO — O mercado reagiu positivamente às
medidas de apoio à cafeicultura anunciadas pelo governo brasileiro na
quarta-feira. O vencimento setembro do contrato C da bolsa de Nova York
apresentou alta acumulada de 380 pontos até o
fechamento de ontem, quando atingiu a cotação de US$ 1,2205 por libra-peso. O
mercado futuro da variedade robusta também sustentou sua tendência de alta, com
ganhos de US$ 43 por tonelada no vencimento setembro do
contrato 409 da bolsa de Londres.
Na semana também foi destaque a taxa de câmbio brasileira,
pois, na quarta-feira, o dólar atingiu a cotação mais elevada do ano e o maior
patamar desde março de 2009, a R$ 2,3139. Já na quinta-feira, o dólar reverteu a
tendência de alta em função da divulgação de dados positivos da balança
comercial da China, que fortaleceu as moedas dos países exportadores de
commodities. Assim, a alta acumulada até quarta foi zerada. Porém, o fato da
desvalorização do real não ter puxado para baixo as cotações do arábica na bolsa
norte-americana na quarta-feira reforça o impacto positivo dos instrumentos de
política cafeeira anunciados pelo Brasil.
Por fim, o relatório de mercado da Organização Internacional
do Café (OIC) referente a julho traz nova atualização do quadro de oferta e
demanda mundial para a safra 2012/13. A OIC projeta crescimento de 7,7% na
produção global de café em 2012, para 144,5 milhões de sacas ante os 134,2
milhões de sacas de 2011. Porém, novamente chamamos a atenção para a necessidade
de análise de médio prazo e não pontual.
Quando consideramos o balanço entre oferta e demanda dos
últimos quatro anos, é evidente que o excedente projetado pela OIC para 2012, de
2,5 milhões de sacas, não é volumoso frente ao déficit de oferta acumulado no
período entre 2009 e 2011, de 17,77 milhões de sacas. Esse fato se reflete nos
menores níveis de estoques mundiais observados nos últimos 20 anos.
A conquista dos instrumentos emergenciais de apoio ao
ordenamento de oferta e sustentação de renda para os cafeicultores foi muito
positiva frente ao cenário mercadológico atual, em que a visão imediatista dos
especuladores sobrepõe-se ao quadro fundamental de médio e longo prazo.
Entretanto, o CNC também defende e trabalha para a construção de medidas
estruturantes de longo prazo para cafeicultura nacional, que se baseiem na
inteligência de mercado e promovam o incremento da competitividade do café
brasileiro no mundo.
Nesse sentido, na reunião ordinária do CNC desta sexta-feira,
9 de agosto, analisaremos e debateremos um documento elaborado pela P&A
Marketing Internacional sobre “Perspectivas futuras da Cafeicultura Brasileira:
demanda, oferta, competitividade e concorrentes”, bem como a proposta de criação
do Centro de Inteligência no Departamento do Café do Ministério da Agricultura,
Pecuária e Abastecimento (DCAF/MAPA).
Atenciosamente,
Dep. federal Silas
Brasileiro
Presidente Executivo do
CNC
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