NÃO QUERO VIVER EM UR DA CALDÉIA

por Ralph J. Hofmann publicado no Diego Casagrande de 09/01/2006

Segundo os dogmas PC (Politicamente Corretos) devemos devolver aos índios ou seja aos nativos as terras que ocupavam originalmente.

Isso apresenta sérios problemas. Segundo as teorias existentes, os ameríndios atravessaram o Estreito de Behring e vieram descendo até a Terra do Fogo, e outros vieram da China através do Oceano Pacífico. Então a devolução das terras poderia ser feita apenas pelos Russos ou pelos Chineses.

Mas a coisa complica ainda mais. Os Bretães, Irlandeses e Escoceses seriam celtas. Donde suas colônias de origem são desde a Toscana na Itália até certas localidades nos países escandinavos.

Já os Escandinavos vieram em hordas do oriente.

Há ainda a questão dos Ibéricos. A reconquista é discutível. Foi reconquistada por quem? Sabemos que originalmente havia ali colônias Fenícias. Como aliás, a Síria e o Líbano foram obtidos numa negociata envolvendo um couro de boi por uma dissidência fenícia que criou Cartago.

Num mundo PC seriamos todos recambiados para nossas regiões de origem. Não sei onde os descendentes de escoceses e irlandeses irão caber se forem removidos das ex-colônias britânicas.

Mas pensem no meu dilema pessoal. Meu mais antigo antepassado conhecido era o pai de Abraão. Vivia em Ur na Caldéia, ou seja na Mesopotâmia. Mas um dos netos deste pai de Abraão é Ismael. Filho de Abraão com uma escrava. Pai de todos os Árabes. Vou ter de viver na Mesopotâmia, ou seja Iraque, lado a lado com os Árabes, muitos dos quais me tem jurados de morte?

Mas é isso que acontece quando os homens tentam revogar a Lei da Gravidade. Os partidos de um país podem se reunir e revogar a lei da gravidade, mas se você tirar a escada o pintor ainda vai cair.

A tribo mais forte ou esperta sempre vai deslocar a mais fraca. Os índios de Manhattan sempre vão vender a ilha a troco de continhas de vidro. O mogno da Amazônia será vendido pelos índios para comprar motores de popa.

E o raciocínio PC nos leva a conclusões inesperadas. Em que o aparente opressor vira vítima da competência de seus antepassados na luta pela sobrevivência.

Darwin está gargalhando na sua tumba.