terça-feira, 16 de junho de 2015

Problemas culturais impedem mulher de participar da política



Para participantes de ciclo de debates em Varginha, responsabilidade das mulheres em família dificultam engajamento.

Além de dificuldades impostas pelo próprio sistema eleitoral, um dos impedimentos para ampliar a participação das mulheres na vida política é de cunho cultural. Em função das responsabilidades que assumem com a família, muitas, mesmo desejando, não têm disponibilidade de tempo para participar. Essa foi uma das conclusões a que se chegou no encontro regional do Ciclo de Debates Reforma Política, Igualdade de Gênero e Participação: O que querem as mulheres de Minas, que a Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) realizou nesta sexta-feira (12/6/15) em Varginha (Sul de Minas).
As participantes do painel “Reforma Política e a representação das mulheres no Brasil”, realizado na parte da manhã, foram unânimes em reconhecer que as tarefas domésticas são, em sua maioria, desempenhadas apenas pelas mulheres, que, por isso, não conseguem participar dos compromissos impostos pela participação política. A presidente da Comissão Extraordinária das Mulheres da ALMG, deputada Rosângela Reis (Pros), explicou que mandatos parlamentares exigem reuniões noturnas ou em outras cidades, além de uma grande dedicação.
De acordo com Larissa Peixoto Vale Gomes, pesquisadora do Núcleo de Estudos e Pesquisas sobre a Mulher da UFMG, isso se confirma pelo fato de a maioria das mulheres políticas serem solteiras ou divorciadas. A diretora do Sindicato dos Bancários de Divinópolis e Região, Synara Aparecida, afirmou que para mudar essa realidade é preciso contar com a colaboração dos homens com os quais as mulheres convivem – parceiros, irmãos, pais, amigos, etc. “Não estamos aqui para brigar com os homens nem para tirar o lugar deles; estamos aqui para dividir as responsabilidades com os homens. Não queremos deixar de ser mulher para ocupar nosso espaço”, disse ela.
A professora do Instituto de Ciências Sociais Aplicadas da Universidade Federal de Alfenas, Fernanda Mitsue Soares Onuma, fez um relato sobre a evolução histórica das relações de gênero. Segundo ela, desde a criação da agricultura, a mulher foi sendo relegada a um espaço privado do lar, por uma questão de luta pela garantia da propriedade privada das famílias. A partir de então, os papeis femininos foram sendo traçados, dificultando a presença da mulher na vida política.
A deputada Geisa Teixeira (PT) acredita que outro fator desestimulante à participação das mulheres na política é a “masculinidade” dos espaços de poder. “Sabemos da importância do homem nos espaços de poder, mas queremos igualdade”, defendeu. A deputada Celise Laviola (PMDB) afirmou que é preciso incentivar as mulheres a disputar os cargos eletivos. “Queremos mais mulheres na política”, disse.
Leia a íntegra da matéria no Portal da ALMG e consulte as fotos do evento (outro link).

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