sexta-feira, 6 de setembro de 2013

Artesãs mineiras apoiadas pelo Sebrae Minas participam na próxima semana de exposição na sede da ONU

De malas prontas

Artesãs mineiras apoiadas pelo Sebrae Minas participam na próxima semana de exposição na sede da ONU

A fiandeira Gercina Maria de Oliveira, de Arinos, Juracy Borges da Silva, que produz peças com sempre-vivas, em Galheiros (distrito de Diamantina) e Maria José Gomes da Silva que faz bonecas de cerâmica, em Coqueiro Campos (distrito de Minas Novas) são as artesãs selecionadas para representar o artesanato mineiro na Exposição Mulher Artesã Brasileira, realizada de 9 a 27 de setembro, em Nova York.

A exposição “Mulher Artesã Brasileira” mostrará as obras de 15 artesãs das cinco
regiões do País coletado durante expedição de jornalistas e documentaristas pelo
Brasil. O objetivo é desvendar a alma da mulher brasileira expressa na produção
artesanal e divulgar esse trabalho no exterior, por meio de variadas atividades sócio
culturais, como uma mostra fotográfica e de objetos, a exibição de um documentário,
uma conferência e a publicação de um livro de arte.

O projeto é uma iniciativa da Associação Brasileira de Exposição de Artesanato (Abexa), com patrocínio do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) e apoio do Instituto Centro Cape, da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil) e da Secretaria da Micro e Pequena Empresa da Presidência.


Programa Sebrae de Artesanato

Maria de Oliveira, Juracy Borges da Silva e Maria José Gomes da Silva estão entre os mais de 4.600 artesãos apoiados pelo Sebrae Minas. Em 12 anos de atuação, o Programa Sebrae Artesanato formou artesãos em 310 cidades mineiras, com a capacitação em três áreas temáticas: comportamental (com objetivo de promover o desenvolvimento das pessoas e grupos, e a sensibilização para novos padrões de interação humana); gestão (que prepara os participantes para realizar uma gestão eficaz, a partir do conhecimento dos processos de gestão empresarial e administração financeira e suas relações com o ambiente do negócio); e design (revitalização dos produtos artesanais através da implantação da identidade cultural, da melhoria dos processos de produção e da qualidade).

“Queremos preparar o artesão e colocá-lo em contato direto com os compradores de artesanato por meio das feiras, eventos e catálogos. Desta forma, ele tem a oportunidade de analisar o mercado no qual o seu produto está inserido, agregando, assim, maior conhecimento e maior competitividade”, diz Simone Aparecida, analista da Unidade de Comércio, Serviços e Artesanato do Sebrae Minas.


Roda de fiandeira

“Herdei da minha avó a tradição de fiar, que aprendi aos sete anos. Fazia o trabalho para vender e comprar roupa e sapato”, diz Gercina Oliveira.

Do algodão fiado na roda surgem agasalhos, xales, cachecóis, colchas, tapetes, caminhos de mesa e jogos americanos. No Vale do Urucuia, no Noroeste de Minas, além do algodão, também são encontrados os corantes naturais que tingem os fios e os tecidos. “Da casca de cebola tiramos o marrom claro, do jatobá, o marrom escuro, das folhas de árvores e da serragem de madeiras, os tons terrosos típicos, e da água de bananeira, o fixador da cor. A natureza é muito generosa”, observa Gercina Oliveira.

Gercina Oliveira é uma das fundadoras e presidente da Associação das Artesãs de Sagarana “Tecelagens Veredas” (ASTV), uma das oito instituições do projeto Polo Veredas, das quais cinco trabalham com algodão, duas com bordado e uma com madeira de buriti. A iniciativa integra nove núcleos de produção no Vale do Urucuia: Arinos e seu distrito Sagarana, Bonfinópolis de Minas, Buritis, Serra das Araras (distrito de Chapada Gaúcha), Natalândia, Riachinho, Uruana de Minas e Urucuia, beneficiando 180 artesãos.

Juntos, eles formam uma rede, onde cada um deles produz uma etapa do processo de tecelagem. A fiandeira destaca que essa união transformou a realidade local e fomentou a integração da cadeia, colocando todos a par dos acontecimentos, disseminando novas ideias e definindo os objetivos a serem alcançados.

Segredos mantidos

Juracy da Silva descobriu nas sempre-vivas, flores nativas da região, mais do que um meio de sustento, mas uma nova forma de encarar a vida. “O artesanato me trouxe mais saúde. Era depressiva e me tornei mais alegre, criativa e inovadora”, recorda. A artesã começou como coletora da espécie, aos 15 anos, atividade tradicional e importante fonte de renda da comunidade, preservada há gerações.

Para evitar que as flores fossem extintas, em 2001, os coletores foram orientados a fazer o trabalho sustentável. A tradição da coleta se manteve preservada, mas a forma da extração mudou e, atualmente, é feita com consciência, cuidado e técnica.

Por meio da parceria com a Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri (UFVJM), foi desenvolvido um campo experimental para readaptação das espécies no campo e um viveiro de mudas. 

Além deste trabalho de conscientização, a artesã ajudou a fundar, em 2001, a Associação de Artesãos Sempre-Viva, da qual é secretária e integra a diretoria. A entidade congrega 29 artesãos profissionais de Galheiros, que são responsáveis por preservar as sempre-vivas, consolidar e disseminar o artesanato na comunidade, além de multiplicar os conhecimentos, formando novos coletores e artesãos.

Além das sempre-vivas, as artesãs utilizam fibras de bananeira, cascas de coco e urucum, palha de milho, folhas, cascas de frutos, entre outros insumos naturais, que agregam valor aos produtos. A partir dessas matérias-primas são confeccionadas luminárias, pinheiros de Natal, árvores decorativas, arranjos florais com buquês, porta-guardanapos, anjos e guirlandas.

Criatividade em argila

A matéria-prima é o barro, utilizado para dar forma às peças decorativas criadas pelas artesãs de Coqueiro Campo, e na pintura, revelando as cores e os tons do Cerrado. Da argila, surgem vasos de flor, potes, panelas, flores de parede, entre muitos outros objetos decorativos. Mas as bonecas são o grande destaque. “Cada peça que faço é única. O estilo e as técnicas de modelagem e queima são as mesmas que aprendi. A gente vai aprimorando nos acabamentos e dando carinho a mais na pintura, nas formas, nos vestidos e na fisionomia”, revela a artesã Maria José Gomes da Silva

O artesanato de barro entrou na vida de Zezinha (como é conhecida) na infância. Nascida em Campo Alegre, distrito de Turmalina, aprendeu com a mãe o ofício, com quem trabalhou dos 14 aos 20 anos. No início, era um complemento de renda. Após o nascimento das duas filhas, as vendas cresceram, Ulisses passou também a comercializar as peças e, há 16 anos, a família vive do artesanato.

Motivada por esses resultados, a artesã ajudou a fundar, em 1993, a Associação de Artesãos de Coqueiro Campo, com mais oito mulheres, e que conta hoje com 46 integrantes. O objetivo era integrar as artesãs locais. Hoje, a organização multiplica a técnica entre os jovens e as pessoas da terceira idade, possui duas lojas na comunidade e fomenta a capacitação, a profissionalização e o turismo na região. A própria Zezinha adaptou sua residência e criou a Casa de Visita, para receber pesquisadores e turistas, que têm a oportunidade de conhecer as suas criações.


Artesanato brasileiro
- 8,5 milhões de artesãos brasileiros*
- US$ 10 mil exportados em 2002
- US$ 6 milhões exportados em 2012
- US$ 7 milhões é a estimativa para 2013
- Países: Estados Unidos (cerca de 70% do volume), Itália, França, Espanha, Portugal, Inglaterra e Emirados Árabes
Fonte: Centro Cape 2013
*MDIC, 2002

Assessoria de Imprensa do Sebrae Minas
(31) 3379-9275 / 9276

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