Ralph J. Hofmann
Minha geração da minha família optou por fincar raízes no Brasil. Todos os primos que para aqui vieram ou aqui nasceram tiveram oportunidades profissionais no exterior. Todos falam vários idiomas modernos. Todos possuem conhecimentos de valor que lhes permitiriam ganhar a vida em qualquer lugar.
Meus filhos são detentores de uma mescla de origens. Judeus ashkenazitas e sefaraditas, bascos, espanhóis, portugueses, índios dos Andes e haverá umas gotas de sangue charrua ou minuano. Um bisavô deles amarrou seu cavalo no obelisco quando acompanhou Vargas para o Rio de Janeiro.
Com este coquetel de raças a meninada nunca teve problemas em passar no vestibular. Mas os antepassados de minha ex-esposa negligenciaram uma coisa. Meus filhos não possuem sangue africano. Ou seja, são afro-descendentes porque eu sou nascido na África, mas sou de aspecto inteiramente europeu.
Meu filho mais velho é casado com uma menina de Belém do Pará. Mas ela descendente de nordestinos, índios e de pessoas oriundas de outras paragens também não tem nenhum aspecto de afro-descendente.
Portanto meus netos, quando eu os tiver, serão um prodígio de seleção, representando um “uomo brasiliensis” quase perfeito, com mescla de várias etnias. Mas aos olhos da Suprema Corte do Brasil terão problemas dentro de 19 a 20 anos para obter vagas na universidade. Filhos de pais com mestrado, sem aparência afro serão cidadãos, quando muito, tolerados na universidade.
Os meus dois filhos homens receberam convites para estudar no exterior.Ambos falam outros idiomas. Um recebeu oferta de bolsa integral para a Alemanha com base no vestibular. O outro passou um ano do curso em uma universidade italiana fazendo pesquisa. Recebeu oferta de concluir o curso na Itália com bolsa de estudos.
Optaram por fazer seus cursos de graduação no Brasil em função da confiança que tinham na qualidade de sua faculdade e facilitaria a inscrição no CREA o que era importante se considerarmos que seu país de nascimento é o Brasil.
O que podemos esperar de meus netos? A Suprema Corte do Brasil os convida a arrancarem as raízes que a minha geração plantou aqui e partir para estudos em praias onde todos sejam iguais perante a lei.
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