terça-feira, 12 de julho de 2011

Lidar com a Doença de Alzheimer

Cuide-se cuidador!

Lidar com a Doença de Alzheimer pode afetar emocionalmente o cuidador. Entender a doença e manter a serenidade são passos fundamentais para melhor tratar o paciente

O Brasil está ficando mais velho. Segundo expectativa do Banco Mundial (Bird), a população idosa brasileira deve triplicar nos próximos 40 anos, passando de 20 milhões em 2010 para 65 milhões em 2050. Esse incremento trará impactos na educação, previdência social e, principalmente, na saúde. Isto significa também que a figura do cuidador terá cada vez mais importância para a qualidade de vida do idoso.

Segundo Paulo Renato Canineu, professor de gerontologia da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC), os idosos, em maior ou menor grau, necessitam de algum tipo de atenção e auxílio diário. “Com o envelhecimento, existe a possibilidade de o idoso ser acometido pelos vários tipos de demência”, explica o especialista. A forma mais comum das demências é a Doença de Alzheimer (DA), porém existem ainda a Demência Vascular, Doença de Lewy, Doença de Parkinson, Hidrocefalia de Pressão Normal, entre outras.

A DA se manifesta formas diferentes nas fases inicial, moderada e avançada. Em todas elas o papel do cuidador é importante, sendo por vezes necessária a presença de mais de um cuidador para dividir as funções e amenizar a sobrecarga. Dentre as atividades estão: higiene pessoal, assistência diurna e noturna, consultas médicas, horários da medicação, pagamento das contas do paciente, controle da conta bancária, entre outras.

Lidar com a realidade da DA não é uma tarefa fácil. “O cuidador precisa ter muita estrutura para não ser tomado pela frustração, uma vez que é a doença não tem cura”, informa Canineu. A busca por informações é uma boa forma de tornar o sofrimento mais leve. “É aconselhável que o cuidador solicite explicações ao médico sobre o assunto e esclareça suas dúvidas com este profissional. E, também, é necessário que esta pessoa esteja atenta à própria saúde, pois o estresse emocional pode ser prejudicial a ele e ao paciente”, recomenda o especialista.

O cuidador pode minimizar o desgaste físico e mental que envolve suas tarefas praticando alguma atividade que lhe dê prazer, como assistir a filmes, ler livros, fazer passeios. “Reservar qualquer tempo disponível para o lazer individual é muito importante para a saúde do cuidador, pois funciona como uma válvula de escape”, esclarece Canineu. Outra alternativa para o cuidador seria procurar ajuda e orientação por meio de uma terapia.

“O importante é o cuidador manter sua saúde para ajudar o paciente de DA a ter a melhor qualidade de vida possível”, informa. Mesmo sem cura, a Doença de Alzheimer tem tratamento medicamentoso com inibidores da acetilcolinestinesterase, que pode retardar de forma significativa o declínio da função cognitiva, comportamental e funcional. Entre os medicamentos, o Eranz (cloridrato de donepezila) é o único indicado para todas as fases da doença (leve, moderada e grave). Vale lembrar que se iniciado já na fase leve da doença, durante o surgimento dos primeiros sintomas, o tratamento terá resultados ainda melhores. Contudo, o médico deve ser sempre procurado para avaliar e indicar o tratamento mais adequado para cada paciente.

“O melhor é que o cuidador procure ajuda, orientação e até tratamento e, o mais importante, não esquecer-se, pois a vida continua e o paciente seguirá melhor se o cuidador estiver bem”, conclui Canineu.

A Doença de Alzheimer (DA)
A DA é uma enfermidade crônica, degenerativa, progressiva e irreversível, que compromete o cérebro provocando alterações profundas no comportamento, dificuldade de raciocínio e na articulação do pensamento e diminuição da memória, com efeitos devastadores sobre o doente e sobre a família. Tendo em vista esses fatores, a presença integral de cuidador, que pode ser alguém da família ou não, é fundamental para zelar pela saúde e bem-estar do paciente.

Testando o estresse do familiar e do cuidador
1 - Tenho pouco tempo para mim?
2 - Tenho ajuda de meus familiares?
3 - Eu choro com frequência?
4 - Venho tendo problemas de saúde?
5 - Eu sinto que não estou em boas condições para cuidar do idoso dependente?
6 - Eu não passeio, não viajo, evito pessoas, não visito familiares e amigos?
7 - Sinto, com freqüência, frustração, raiva e tristeza?
8 - Sinto-me culpado com a situação atual?
9 - Sempre entro em conflito com o idoso que cuido?
10 – Tenho me alimentado bem? Tenho dormido bem?


OBS – Segundo o Dr. Paulo Renato Canineu, se alguma das questões acima foi respondida positivamente, está na hora do cuidador mudar de postura e reservar um tempo para a prática de atividades prazerosas (ou até terapia) a fim de obter qualidade de vida e poder dar continuidade às suas funções com sucesso.


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