Somos a geração João Paulo II
*Renan Félix
Nos últimos tempos, muito se fala conflitos de gerações e de como nascer em um período histórico específico influência a vida de qualquer pessoa. Uma geração é influenciada por fatos, por acontecimentos, mas principalmente por pessoas. Uma grande figura, cheia de carisma e popularidade, pode levar uma multidão de pessoas a uma nova forma de pensar, de agir, de ver o mundo. Nós que nascemos após os anos 70 somos exemplo disso, pois fomos marcados pela vida de um grande homem e por isso nossa geração tem um nome: geração João Paulo II. E ele, o papa que conquistou o coração de católicos e não católicos em todo o mundo, será beatificado no próximo dia 1º de Maio.
Diante dessa afirmação, poderíamos nos questionar o que o papa João Paulo II fez para marcar uma geração. Como um homem idoso e com uma saúde tão debilitada influenciou uma geração inteira de homens e mulheres? Talvez as nossas perguntas estejam mal formuladas. Não adianta pensar no que ele fez ou como ele fez, mas é preciso observar o que ele foi.
João Paulo II foi um defensor incansável da Verdade. Não de uma verdade para um grupo religioso, mas da grande Verdade, buscada por toda a humanidade, mesmo que de formas diferentes e até mesmo preocupantes. Foi firme, defendendo a Verdade com a vida, para assim defender o homem dele mesmo. Por isso foi acusado e taxado de tantos rótulos, mas, ao mesmo tempo, suas palavras eram aguardadas e ouvidas atentamente por todo o mundo, como que expressando o desejo oculto e presente em todos da Verdade.
Da mesma forma foi um homem de unidade. O papa polonês foi capaz de reunir amigos, inimigos, credos, raças, nações. Ele era uma “ponte viva”, incansável por ligar distâncias humanas, mas acima de tudo de ligar corações. Para isso não teve medo de reconhecer os erros dos filhos da Igreja e de pedir perdão publicamente. Uniu cristãos e não cristãos em torno dos mesmos ideais, para demonstrar em fatos que os laços que nos unem são muito maiores que os que nos separam.
Foi um homem jovem, cheio de alegria, motivado pela certeza de que um mundo melhor é possível, mas antes de tudo pela esperança de um mundo novo que virá. Por esse motivo atraiu uma multidão de jovens em todos os lugares por que passou, dando a eles a certeza de que há uma Verdade para ser vivida e seguida. João Paulo II, mesmo com seu corpo curvado e seus cabelos brancos, devolveu a esperança a tantos jovens de que vale a pena viver, se essa vida for vivida em vista do que virá.
Mas João Paulo II foi antes de qualquer coisa um homem de verdade. Não teve medo de demonstrar sua fragilidade, sua dor, seu sofrimento ao mundo inteiro. Não teve medo de se alegrar, de chorar, de demonstrar que o papado não tirou a sua humanidade, mas, pelo contrário, o tornou ainda mais homem. Mostrou ao mundo seu amor pelas artes, pelos esportes, pelas nações, pelos povos, pela humanidade. Por isso lutou pela paz, pela liberdade, pela dignidade do homem; lutou para que a humanidade conhecesse a Verdade, para que conhecesse a Jesus Cristo, porque sabia que só dessa forma o homem pode encontrar a verdadeira felicidade.
Por fim, por ser um homem de verdade, João Paulo II foi um grande santo do nosso tempo. A santidade que ele pregou como vocação de toda a humanidade não parou nas suas palavras aos outros, mas foi se traduzindo em sua vida, contagiando multidões, levando muitos de volta para uma vida nova, cheia da presença de Deus. Seu testemunho de santidade rompeu os “muros” da Igreja Católica e atingiu o mundo, que representado na Praça de São Pedro, nos dias de seu funeral, gritava: “Santo já!”. Em João Paulo II a santidade se mostrou acessível a todos os que se abrissem à graça de Deus e por ela lutassem.
Poderíamos escrever muito mais sobre o papa mais popular da história, mas o que está aqui já é o suficiente para entender porque ele marcou uma geração inteira. Foi por esse motivo que o fundador da Canção Nova, monsenhor Jonan Abib, deu o nome de Fundação João Paulo II à mantenedora do Sistema Canção Nova de Comunicação. O exemplo foi deixado por ele para nós como uma herança sem tamanho. Sua vida encarnou não somente o que ele acreditava, mas Quem ele seguia. A Verdade por qual ele tanto lutou tinha um nome, um rosto, era uma pessoa: Jesus Cristo. Por isso, não nos basta ter o nome de geração João Paulo II, mas precisamos seguir o seu exemplo e também testemunhar com a vida, com santidade, que seguimos Aquele que é a Verdade.
Renan Félix é bacharel em história, missionário e seminarista da Comunidade Canção Nova – blog.cancaonova/renanfelix Twitter: @renancn
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