O juiz auxiliar da presidência do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) Luciano
Losekann propôs, nesta segunda-feira (27/5), que a concessão da prisão
domiciliar, caso seja editada Súmula Vinculante pelo STF, seja fiscalizada e
observe critérios mínimos, como tipo de delito, reincidência, bom comportamento
no cumprimento da pena, entre outros. Outra sugestão foi a de se discutir
mudanças legislativas, para a substituição do regime semiaberto pelo de
livramento condicional monitorado.
A sugestão foi feita durante audiência pública convocada pelo ministro do
Supremo Tribunal Federal (STF), Gilmar Mendes para debater a falta de vagas no
sistema prisional brasileiro. Ao todo, 24 especialistas participaram do evento,
que aconteceu na sede do STF, em Brasília/DF.
O ministro convocou a audiência para reunir subsídios para o julgamento do
Recurso Extraordinário 641320, do qual é relator. Nessa ação, o Ministério
Público do Rio Grande do Sul questiona a decisão do Tribunal de Justiça de
conceder prisão domiciliar a um condenado porque não havia vaga em
estabelecimento para que cumprisse a pena em regime semiaberto. Parte
interessada no processo, a Defensoria Pública da União também solicitou ao STF a
edição de uma súmula vinculante sobre a questão. Se a súmula for aprovada, o
entendimento da Corte Suprema deverá ser adotado por todos os órgãos judiciários
e da administração.
Luciano Losekann é coordenador do Departamento de Monitoramento e
Fiscalização do Sistema Carcerário e do Sistema de Execução de Medidas
Socioeducativas (DMF) do CNJ e acompanhou os mutirões carcerários realizados
pelo órgão em diversas penitenciárias do país. De acordo com o juiz, o déficit
no regime semiaberto chega a 24 mil vagas.
“Talvez, uma solução, seja acabar com o regime semiaberto para adotarmos um
sistema de livramento condicional monitorado, a ser aplicado em graus
diferenciados e dependendo do tipo delitivo. Creio que talvez essa seja uma
solução viável para o cenário brasileiro”, afirmou Losekann, destacando outros
problemas do regime semiaberto. Um deles é a falta de fiscalização. “Se uma
súmula vinculante dessa natureza vier a ser aprovada pelo STF, haverá a
necessidade de adotarmos mecanismos mínimos de fiscalização, como por exemplo, a
monitoração eletrônica e o comparecimento em juízo”, destacou.
De acordo com o juiz, a falta de vagas é problemática porque deixa nas mãos
do juiz toda a responsabilidade pela soltura do apenado. “Temos um regime de
corresponsabilidade. E essa corresponsabilidade não vem sendo assumida pelos
estados federados. Nem mesmo a União tem repassado a integralidade dos recursos
aos estados”, disse.
A audiência pública prossegue nesta terça-feira (28/5), com a exposição de
nove especialistas, entre defensores públicos, juízes e representantes de
organizações envolvidas na área carcerária.
Giselle SouzaAgência CNJ de Notícias
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Coloque sua opinião, este blog está a serviço de todos