terça-feira, 14 de maio de 2013

NEUROLOGISTA FALA SOBRE DESCOBERTA DO NOVO GENE RESPONSÁVEL PELA ENXAQUECA

NEUROLOGISTA FALA SOBRE DESCOBERTA DO NOVO GENE RESPONSÁVEL PELA ENXAQUECA
 
Por Dr André Felicio, neurologista, doutor em ciências pela UNIFESP, membro da Academia Brasileira de Neurologia e pós-doutor pela University of British Columbia, no Canadá (CRM 109665)

É provável que, ao menos uma vez na vida, todos nós tenhamos uma crise de dor de cabeça. E, embora não seja o tipo de cefaleia mais comum, a enxaqueca provoca enorme impacto na vida produtiva e social dos indivíduos que a desenvolvem cronicamente. E são muitos! Estima-se que cerca de 15% das pessoas sofrem com crises fortes, geralmente, de um lado da cabeça, muitas vezes associadas a náusea, vômito e uma diminuição importante do limiar para estímulos sonoros, visuais e olfativos.

Em relação à causa da enxaqueca, como ocorre com diversas outras doenças neurológicas, sabemos que existe uma interação entre diversos fatores, dentre eles: ambientais, hormonais e genéticos. E, justamente do ponto de vista da genética, conseguimos recentemente um grande avanço. Afinal, aquelas pessoas que têm enxaqueca sabem como é comum indivíduos da mesma família e de gerações diferentes também se queixarem do mesmo problema: as terríveis dores latejantes!

O estudo foi publicado em uma revista translacional de ciência (usamos o termo “translacional” toda vez que o estudo une as duas pontas principais da pesquisa, ou seja, experimentos em seres humanos e em animais de laboratório, testando a hipótese científica de maneira muito mais consistente).
Os pesquisadores do departamento de Neurologia da Universidade da Califórnia nos Estados Unidos, primeiramente, estudaram duas famílias diferentes com história familiar de enxaqueca e descobriram um gene que codifica uma enzima, conhecida por caseína-quinase, do inglês, casein-kinase.

Na sequência do experimento, os pesquisadores conseguiram desenvolver camundongos de laboratório portadores deste gene alterado (com a mutação). O resultado, muito interessante, foi demonstrar que estes camundongos eram muito mais sensíveis a estímulos dolorosos e tinham alterações neurofisiológicas e neuroquímicas que podem justificar parte dos sintomas que alguns pacientes com enxaqueca experimentam, por exemplo, o que chamamos de “aura”, normalmente um ponto luminoso, brilhos ou luzes que duram cerca de 10 a 20 minutos e ocorrem antes da crise de enxaqueca propriamente dita.

Em resumo, estamos cada vez mais perto de entender a fundo este complexo, porém, muito comum problema que aflige milhões de brasileiros, a enxaqueca. E mais uma vez, nunca é tarde lembrar que a auto-medicação não deve ser encorajada, que existe uma centena de outros tipos de dor de cabeça e, portanto, a opinião de um médico especialista deverá ser consultada sempre.

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