Saiba mais sobre a Mastectomia
Preventiva
Oncologista esclarece as dúvidas sobre a cirurgia
realizada pela atriz americana Angelina Jolie
O câncer de mama é
o segundo tipo de câncer mais comum no mundo, sendo mais frequente em mulheres.
Segundo o Instituto Nacional de Câncer (INCA), a estimativa em 2012 foi de
52.680 novos casos. No Brasil as taxas de mortalidade são altas, pois a maioria
dos casos o diagnóstico é feito quando a doença está em estágio
avançado.
Nesta semana a
atriz Angelina Jolie declarou em um artigo, que diante de sua propensão genética
de 87% de chances de vir a sofrer um câncer de mama, realizou a cirurgia de
mastectomia preventiva. A Oncologista do Hospital e Maternidade São Cristóvão,
Dra. Walkiria A. Tamelini esclarece como as mulheres podem identificar o risco
de ter a doença, “Devemos analisar a predisposição hereditária que a mulher tem,
ou seja, se há casos na família incluindo parentes do sexo masculino. É possível
avaliar os genes BRCA1 e o BRCA2 para verificar se há uma mutação. Estes genes
estão ligados ao aparecimento do câncer de mama e ovário”. Não só pessoas com
histórico da doença na família podem ter o câncer de mama, “agentes químicos ou
biológicos também podem causar um dano no genoma, proporcionando a mutação dos
genes. Nestes casos trata-se de um fator externo que incitou a enfermidade”
explica a oncologista.
Para identificar o
percentual de risco de cada um é necessário que o paciente vá a um oncologista e
solicite um exame que estuda o genoma e as mutações relacionadas aos genes
conhecidos para o risco do câncer, chamado Mapeamento Genético. Geralmente
laboratórios realizam o exame com uma amostra do sangue do paciente. Trata-se de
um exame caro que não é aconselhado para todas as pessoas, “É necessário ter
parâmetros muito bem definidos para fazer um estudo desses. Ele é indicado nos
casos em que existe um risco real da doença, como por exemplo, histórico na
família em parentes com câncer de mama antes dos 50 anos, casos de familiares
com câncer na fase de pré-menopausa ou parentes do sexo masculino. É preciso uma
avaliação do profissional de caso para caso”, orienta a profissional.
Existem três
técnicas cirúrgicas para realizar a mastectomia preventiva, a Mastectomia
simples ou total onde é retirado toda a glândula mamária incluindo o tecido
mamário e mamilos, “Nestes casos existe uma pratica em que os cirurgiões
plásticos retiram um retalho da pele da vulva, devido a sua coloração
semelhante, e reconstroem o mamilo da paciente. Outras pacientes optam pela
tatuagem”, esclarece a Oncologista do Hospital São Cristóvão. A segunda prática
é a Adenomastectomia Preservatora de pele e mamilo em que a glândula mamária é
retirada e o tecido não é excluído em sua totalidade. Existem controvérsias
sobre a preservação do mamilo, “Ao avaliar a estrutura da mama podemos analisar
que há uma ligação entre suas partes. Por exemplo, existem dutos internos
ligados ao mamilo que permitem a passagem do leite. Por fazer parte da mama, ele
pode ser responsável pelo posterior aparecimento da doença, já que uma mínima
parte de tecido mamário pode desenvolver o câncer”. É importante ressaltar que
no caso da atriz ela diminuiu o risco para 5%, mas não o excluiu
totalmente.
A terceira técnica
é a Adenomastectomia com preservação de pele onde se retira o máximo do tecido
mamário, sem a preservação do mamilo. A diferença da Adenomastectomia simples é
que a pele externa do seio é preservada “Abrimos a mama e retiramos toda a
glândula mamária onde é preservada a fina camada de tecido externo da mama”,
explica a Dra. Walkiria. ”Obviamente quando o tecido glandular mamário é
retirado, a mulher não consegue amamentar caso engravide, pelo fato de que sem o
tecido não há possibilidade do corpo produzir o leite materno”, esclarece a
profissional. Quando a paciente submete-se ao procedimento cirúrgico uma prótese
de silicone pode ser colocada. “É importante que a paciente se informe com seu
médico sobre os benefícios e limites deste procedimento. A escolha do tamanho da
prótese, qual técnica melhor a ser empregada e possibilidades de reconstrução
devem ser avaliadas pelo profissional e variam de caso para caso”, orienta a
oncologista.
A médica acredita
que a mastectomia preventiva deve ser vista com muito cuidado. “No geral,
trata-se de um procedimento extremamente discutível. Vários fatores estão
envolvidos. Um dos principais é o psicológico, já que os seios, parte íntima do
corpo feminino ligado à estética e a maternidade, serão retirados. Sem contar os
riscos de complicações na operação, presentes em todos os procedimentos
cirúrgicos. É uma exposição que deve ser avaliada, já que existe a chance do
aparecimento da doença, mas sem a presença da mesma naquele momento”, explica a
especialista.
A especialista
explica que quando há um risco real da doença, como no caso da atriz em que sua
mãe faleceu de câncer de mama e o percentual do desenvolvimento era alto,
existem outras formas de prevenção. A Quimioprevenção pode ser administrada para
pacientes de alto risco de câncer de mama, e trata-se de medicamentos que atuam
controlando as proliferações celulares, prevenindo a doença. “É importante
reforçar que antes de decidir fazer uma Mastectomia Preventiva é necessário
estudar muito, avaliar todos os fatores e riscos” finaliza a
profissional.
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quarta-feira, 15 de maio de 2013
Saiba mais sobre a Mastectomia Preventiva
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