Boletim Conjuntural do Mercado de
Café
— Junho de 2013
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Em junho, prevaleceu o movimento de queda das cotações nos mercados
futuros dos cafés arábica e robusta, respectivamente nas bolsas de Nova Iorque
(ICE US) e Londres (Euronext Liffe). As variáveis macroeconômicas
internacionais, o grande número de posições vendidas e as informações de impacto
baixista referentes às principais origens foram os causadores da desvalorização
no preço do café. No mercado doméstico, não houve volumes expressivos de
negócios, principalmente em função das baixas cotações – que só não foram
menores em função da valorização do dólar – e das condições climáticas que
prejudicaram a colheita e a qualidade do café ará ;bica.
O vencimento julho do contrato C da bolsa norte-americana acumulou perda
de 900 pontos no mês, saindo de US$ 1,29 por libra-peso, no início de junho, e
chegando ao patamar de US$ 1,20 no último dia 28. Porém, ao longo do mês, foi
atingida a mínima desde setembro de 2009, a US$ 1,1760/lb, na terceira semana de
junho, quando o Banco Central dos Estados Unidos (FED, em inglês) sinalizou que
pretende suspender os incentivos monetários a partir do final deste ano. O
pronunciamento da autoridade norte-americana abalou as bolsas, pois, indicando a
redução de injeção de dólares no mercado, provocou forte movimento de compra
desta moeda, valorizando-a e reduzindo a atratividade das commodities
em geral.
Outra consequência do pronunciamento do FED foi a desvalorização das
moedas, principalmente dos países emergentes – entre os quais o Brasil –, em
relação ao dólar. O real mais fraco estimula as exportações, com impacto
negativo nas cotações internacionais do café. Para conter a alta do dólar, o
Banco Central brasileiro interveio fortemente no mercado por meio de leilões de
swap cambial e também zerando o Imposto sobre Operações Financeiras
(IOF) nos investimentos estrangeiros em renda fixa e derivativos cambiais. Na
última semana de junho, foi extinto, ainda, o recolhimento compulsório sobre
posições vendidas de bancos no mercado de câmbio. Mesmo com as medidas
intervencionistas, o dólar acumulou alta de 4% ante o r eal, encerrando o mês
cotado a R$ 2,215.
A percepção dos investidores quanto ao cenário macroeconômico
internacional também piorou devido às perspectivas de menor crescimento na China
e às incertezas quanto à recuperação econômica da Zona do Euro e do Japão.
Especificamente em relação ao mercado futuro do arábica, a divulgação do
relatório do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA, em inglês)
sobre a safra brasileira 2013/14 reforçou a equivocada percepção dos
especuladores sobre ampla oferta de café, com impacto de aumento das posições
vendidas.
Durante o mês passado, as posições líquidas vendidas dos fundos nos
mercados futuro e de opções de Nova Iorque aumentaram 29%, atingindo 27.560
contratos na última semana, ante 20.991 no mesmo período de maio. Em relação aos
estoques certificados de café na ICE US, não houve variação significativa em
volume, que oscilou em torno de 2,75 milhões de sacas.
Na Bolsa de Londres, o vencimento julho do Contrato 409 apresentou queda
acumulada de 8%, encerrando o mês a US$ 153 por tonelada. Essa perda ocorreu
mesmo em um cenário de estoques decrescentes e demanda aquecida pela variedade
robusta, sendo reflexo, principalmente, do elevado número de posições vendidas
pelos investidores. A aposta na queda das cotações foi motivada principalmente
pelo clima chuvoso no Vietnã, que arrefeceu os temores de significativa quebra
da safra 2013/14 do país asiático. No entanto, esse cenário não refletiu a
realidade da comercialização de robusta nas principais origens, pois os
cafeicultores vietnamitas e indonésios retraíram a oferta, somente vendendo café
mediante pagamento de prêmios que compensassem a queda da bolsa, os quais
variaram de U S$ 140/t a US$ 230/t.
No mercado doméstico brasileiro, também predominou a desvalorização das
sacas de café. Os indicadores do Centro de Estudos Avançados em Economia
Aplicada (Cepea) apresentaram queda acumulada de 1,2% e 2,6%, respectivamente
para o arábica e ao robusta. Os índices não apresentaram desvalorização mais
acentuada em função da alta do dólar. Com a incidência de chuvas em várias
regiões brasileiras, a colheita do café arábica foi retardada e o excesso de
umidade afetou a qualidade dos grãos. O volume de negócios foi fraco devido aos
preços não remuneradores (a saca do arábica permaneceu abaixo dos R$ 300,00) e
ao atraso nas operações de colheita.
Em relação à política do setor, o Conselho Monetário Nacional (CMN)
definiu a distribuição dos recursos do Fundo de Defesa da Economia Cafeeira
(Funcafé) para a safra 2013. O valor total, de R$ 3,160 bilhões, foi distribuído
conforme o gráfico abaixo. A Secretaria de Produção e Agroenergia e o
Departamento do Café do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento
(Mapa) também deram início ao procedimento para contratação das instituições
financeiras integrantes do Sistema Nacional de Crédito Rural - SNCR que atuarão
como agentes financeiros na aplicação e na administração dos recursos do Funcafé
2013. O mês de julho se inicia em clima de negociação para a defini&ccedi
l;ão dos instrumentos de ordenamento de oferta e garantia de renda (Pepro e
Opções) que vigorarão no ciclo cafeeiro 2013/14.
* Material elaborado pela assessoria técnica do Conselho
Nacional do café (CNC).
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