Renovação de medida
antidumping preocupa setor de bicicletas
Montadores temem não
ter componentes para incrementar a produção, às vésperas do Dia das
Crianças
Audiência no DECOM
está marcada para 4 de julho
Fabricantes e
montadores de bicicletas correm contra o tempo para suprir a falta de
componentes.
Devido a uma medida
antidumping que pode vir a ser renovada em breve, os produtos manufaturados para
o Dia das Crianças podem chegar ao consumidor com preço bem mais salgado do que
se imagina. O alerta é da Abradibi (Associação Brasileira da Indústria,
Comércio, Importação e Exportação de Bicicletas, Peças e Acessórios).
A peça que está
faltando no mercado é a "pedivela". Fica entre o pedal e a coroa. Devido à
medida antidumping estabelecida há cinco anos pela CAMEX – Câmara de Comércio
Exterior, por orientação do DECOM – Departamento de Defesa Comercial, o custo
das pedivelas monobloco importadas aumentou demais. As empresas deixaram de
importar e passaram a comprar pedivelas monobloco exclusivamente da
Metalúrgica Duque, única empresa fabricante de pedivelas no
Brasil.
Desde o quarto
trimestre de 2012 há distribuidores e atacadistas com falta de pedivelas para
abastecer o mercado de reposição e, o mais grave, empresas montadoras que
pararam suas linhas de bicicletas com pedivelas monobloco, e outras que estão
substituindo-as por outra linha de produto com pedivela tripla importada.
Todavia, são peças de bicicletas mais sofisticadas e, consequentemente, mais
caras.
Na avaliação da
Abradibi, as vendas ao consumidor já estão sendo afetadas.
Algumas empresas
estão decidindo por retomar a importação, mas dificilmente as cargas chegarão a
tempo para montar as bicicletas para o mês de outubro, quando se comemora o Dia
das Crianças e aumenta consideravelmente a demanda por bicicletas.
A Abradibi consultou
o Departamento de Veículos de Duas Rodas do SIMEFRE – Sindicato Interestadual
da Indústria de
Materiais e Equipamentos Ferroviários e Rodoviários, que congrega as empresas
fabricantes de componentes de bicicletas, e foi responsável por encaminhar ao
DECOM o pedido de prorrogação da medida antidumping em nome da Metalúrgica
Duque. A resposta é que a Duque só retomará a produção no segundo semestre, não
especificando o mês. Enquanto isto, os preços no varejo já apresentam uma alta
de mais de 150%.
Uma audiência está
marcada para o dia 4 de julho, no DECOM, para tratar desse processo. A Abradibi
pretende levar todos os argumentos para convencer o DECOM a propor a CAMEX –
Câmara de Comércio Exterior a suspensão da medida antidumping e não renová-la
por mais cinco anos, como pretende a Metalúrgica Duque. Dessa forma as empresas
poderão voltar a importar, com preços competitivos.
"É lamentável que o
mesmo governo que promove saudáveis políticas públicas em prol da mobilidade por
bicicleta, é o governo que tem adotado uma política protecionista extrema neste
setor, aprovando medidas de antidumping por extenso períodos, não só de
pedivelas, como de pneus de bicicletas, aumentando o custo da importação, além
de impedir que o Congresso Nacional aprove a isenção de IPI e PIS/COFINS para
as bicicletas e suas peças. Existem 27 projetos de Lei , sendo 23 na Câmara dos
Deputados e 4 no Senado Federal propondo a desoneração do setor, todavia , sem
sucesso, alguns até já arquivados", completa Tarciano Araújo,
diretor-presidente da Abradibi.
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