BALANÇO SEMANAL
— 10 a 14/06/2013
- Após
atraso, governo deve confirmar hoje anúncio das linhas do Funcafé; Em meio aos
preços aviltados, CNC busca saída para ampliar a competitividade do café
brasileiro
FUNCAFÉ 2013 — Após acertos entre as áreas agrícola e
econômica do governo referentes ao plano safra, o que atrasou o anúncio da
distribuição dos recursos do Fundo de Defesa da Economia Cafeeira (Funcafé), o
secretário de Produção e Agroenergia do Ministério da Agricultura, Pecuária e
Abastecimento (Mapa), João Alberto Paixão Lages, nos garantiu que o governo
informará, nesta sexta-feira, 14 de junho, os valores destinados a cada linha de
financiamento pelo Fundo, os quais devem vir ao encontro do que mencionamos no
boletim passado.
REUNIÃO DO CNC — Na quarta-feira, dia 12, o Conselho
Nacional do Café (CNC), aproveitando a participação de seus associados na
Expocafé 2013, realizou reunião extraordinária na Cooperativa dos Cafeicultores
da Zona de Três Pontas (Cocatrel), em Três Pontas (MG), a qual contou, além dos
conselheiros diretores, com a participação dos secretários de Estado de
Agricultura e de Transportes e Obras Públicas de Minas Gerais, Elmiro Nascimento
e Carlos Melles, respectivamente, demonstrando o apoio que o governo estadual
vem dando à cafeicultura.
O foco
principal da reunião foi a geração de renda ao produtor brasileiro de café, em
especial nesse momento de crise e preços aviltados que vivenciamos na atividade.
Além das ferramentas de mercado disponíveis, que deverão ser implementadas pelo
governo em breve, houve consenso entre os conselheiros e os secretários do
governo de Minas para utilização de recursos do Fundo Estadual do Café (Fecafé)
para a divulgação da excelente qualidade do produto
nacional.
Nesse
sentido, o primeiro ponto é não aceitar, de maneira alguma, a existência de
impurezas e/ou substâncias estranhas no produto disponibilizado para a
comercialização. Além disso, foi idealizado um projeto para que os rótulos das
embalagens informem ao consumidor se há ou não mescla das variedades arábica e
robusta. O objetivo não é apresentar o percentual de cada variedade no blend,
mas elucidar à população o que de fato está adquirindo e, consequentemente,
valorizar os produtos 100% arábica, haja vista a superioridade qualitativa de
uma bebida produzida apenas com esta variedade.
COMPETITIVIDADE — Ao longo da reunião do CNC, os
conselheiros diretores aprovaram um projeto de trabalho apresentado pela P&A
Marketing Internacional, que consiste em levantamento de dados, análise e
elaboração de um documento de posicionamento referente à competitividade do café
brasileiro, incluindo informações e análises comparativas sobre custos de
produção, oferta e a demanda de café e seus impactos nos mercados nacional e
internacional. A intenção do Conselho é trabalhar com dados e informações
confiáveis, em nível mundial, para que possamos melhor nos posicionar e ampliar
a competitividade internacional do café brasileiro em todos os elos do setor
produtivo.
MERCADO — O mercado financeiro apresentou um desempenho
ruim na semana, refletindo o aumento da percepção de risco dos investidores em
função da provável redução de estímulos pelos bancos centrais dos países que
lutam para sair da crise econômica, incertezas quanto às economias da China e do
Japão e redução da previsão de crescimento econômico global pelo Banco Mundial.
O clima positivo gerado pela melhora dos indicadores da atividade econômica dos
Estados Unidos foi sombreado pelos temores quanto à redução da compra de bônus
pelo Banco Central (FED, em inglês).
Os
mercados futuros de café arábica e robusta acumularam significativas perdas até
o fechamento de quinta-feira. O contrato C da Bolsa de Nova York, com vencimento
em julho de 2013, teve desvalorização de 325 pontos, atingindo o menor patamar
desde setembro de 2009. O relatório sobre a safra 2013/14 do Brasil, divulgado
pelo Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA, em inglês), reforçou
a equivocada percepção dos especuladores sobre ampla oferta de café na próxima
temporada.
O USDA
estimou redução de 5% na safra brasileira 2013/14, de 53,7 milhões de sacas de
café, um volume superior em 4,8 milhões de sacas ao levantado pela Conab. Além
disso, calcula que o carregamento de estoques da safra passada é de 6,7 milhões
de sacas. O mais interessante é que uma análise detalhada do relatório nos
mostra que o USDA projeta exportações de 31 milhões de sacas e consumo de 21
milhões de sacas no próximo ano safra. Ou seja, afirma que quase toda a produção
brasileira de café será absorvida, restando apenas cerca de 1,7 milhão de sacas
para compor o futuro estoque de passagem (volume equivalente ao consumo
doméstico de um mês).
A esse
respeito e por mais interessante que seja notarmos esse equilíbrio apresentado
pelo órgão norte-americano, o CNC externa repúdio veemente em relação ao tamanho
da especulação que se realiza com os dados de nossa colheita e frisa que a única
instituição capacitada e bem estruturada para a realização de um levantamento
confiável de nosso volume de produção é a Companhia Nacional de Abastecimento
(Conab), por isso é completamente surreal imaginarmos que o Brasil irá além das
48,6 milhões de sacas estimadas pela estatal.
Na Bolsa
de Londres, o contrato futuro do robusta também sofreu forte desvalorização,
atingindo a mínima dos últimos 17 meses. Investidores triplicaram as apostas nas
quedas das cotações até o início do mês, devido à previsão de condições
climáticas favoráveis à colheita da safra na Indonésia e à recuperação dos
cafezais do Vietnã afetados pela severa estiagem do início do ano. O vencimento
julho do Contrato 409 da Euronext Liffe acumulou perda de US$ 143 por tonelada
até o fechamento de quinta-feira.
O
comportamento das cotações de café nesta semana reforça nossa percepção de que o
foco dos especuladores no lucro de curto prazo está resultando em formação de
preços dissociada dos fundamentos de longo prazo do mercado cafeeiro. O
relatório de mercado referente a maio, disponibilizado esta semana pela
Organização Internacional do Café (OIC), trouxe uma revisão para baixo do
excedente de oferta de 2012, anteriormente estimado em 2,7 milhões de sacas,
para 1,3 milhão de sacas. O déficit de oferta acumulado nos anos de 2009 e 2011,
antes de 16,6 milhões de sacas, agora está projetado em 17,9 milhões de
sacas.
Mesmo com
a entrada de uma safra brasileira significativa para um ano de baixa
bienalidade, é evidente que a diferença entre oferta e demanda global está
apertada e não se pode falar em excesso de oferta. Consideradas as dificuldades
previstas para a temporada 2013/14 na América Central, Vietnã e Indonésia, e que
a Colômbia, mesmo com recuperação da produção, não conseguiu retornar aos níveis
produzidos há cinco anos, não vemos, no longo prazo, excedentes significativos
de café no mundo. Pelo contrário, os preços aviltados levarão ao retorno da
bienalidade acentuada no Brasil, o que reforça a probabilidade de escassez de
oferta para a indústria cafeeira nos próximos anos, em um cenário de consumo
crescente, resulta ndo em forte flutuação nos preços
internacionais.
Atenciosamente,
Atenciosamente,
Dep. federal Silas
BrasileiroPresidente Executivo do CNC
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