A Comissão Mista do Congresso Nacional, que
discute a regulamentação da Emenda Constitucional nº 72/2013 (direitos dos
trabalhadores domésticos), divulgou hoje (6/6) o texto do projeto de lei sobre o
tema. A reunião da Comissão, sob o comando do relator, senador Romero Jucá
(PMDB-RR), contou com a participação do diretor de Prerrogativas e Assuntos
Jurídicos da Associação Nacional dos Magistrados da Justiça do Trabalho
(Anamatra), Guilherme Feliciano. O texto aprovado será entregue ao presidente do
Congresso Nacional, senador Renan Calheiros (PMDB-AL).
"Apesar dos avanços, o texto merece críticas
pontuais, em relação, especialmente, a aspectos que poderão vir a ensejar a
precarização do trabalho doméstico, como a admissão da contratação de domésticos
por tempo parcial e a desconsideração do tempo à disposição para quaisquer
efeitos, diversamente do que dispõe, para os demais trabalhadores, o art. 4º da
CLT", alerta Feliciano. Segundo o magistrado, em se abrindo prazo para emendas,
a Anamatra atuará por mudanças no texto.
Feliciano também acredita que houve retrocesso
com a supressão do dispositivo que regulava as possibilidades de fiscalização do
trabalho no âmbito doméstico, harmonizando o dever do Estado de assegurar o
cumprimento da nova lei com a inviolabilidade domiciliar dos empregadores
domésticos, sob o crivo da autoridade judicial. "Seguirá sendo uma incógnita
como poderão os auditores fiscais do trabalho aferir o cumprimento das leis
trabalhistas no âmbito doméstico", pontua.
Atuação da AnamatraOntem (6/6), a
Anamatra apresentou a sua segunda nota técnica ao então anteprojeto, porém as
sugestões não foram acatadas pela Comissão Mista. Entre as sugestões da entidade
estavam a proibição do trabalho em regime de tempo parcial (25 horas), com
pagamento de salário proporcional; a exclusão da possibilidade do
estabelecimento de jornada de trabalho 12x36 mediante acordo por escrito; a
contabilização das horas à disposição em razão de viagem acompanhando o
empregador; entre outras. Manteve-se, porém, a regra proibitiva, de forma
explícita, com relação ao trabalho doméstico para menores de 18 anos;
Algumas sugestões da entidade, enviadas na
primeira nota técnica, foram incorporadas pelos parlamentares da Comissão, a
exemplo do adicional da hora extra de no mínimo 50%, da jornada noturna
computada à base de 52min30seg, da ilicitude da contratação de trabalhador
doméstico na modalidade de autônomo ou microempresa, e da manutenção da
indenização de 40% do FGTS em caso de despedida arbitrária ou sem justa causa,
sem quebra da isonomia com os trabalhadores urbanose rurais.
A Anamatra participa da Comissão Mista, a
convite do senador Romero Jucá, desde a sua instalação, ocorrida no dia 2 de
abril. |
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