CNC alerta para necessidade de remuneração
justa ao produtor de café
- Entidade destaca que os agentes de mercado desconsideram
os fatores fundamentais, pressionando os preços, fato que poderá gerar escassez
de café no futuro
O Conselho Nacional do Café (CNC), há tempos, alerta que os
agentes vem desconsiderando os fatores fundamentais do mercado cafeeiro — como o
estreito equilíbrio entre oferta e demanda mundiais —, haja vista a substancial
depreciação que os preços do produto vem sofrendo ao longo do último ano e
meio.
Esse posicionamento, agora, encontra guarida do
diretor-executivo da Organização Internacional do Café (OIC), Robério Silva.
Ontem, durante fórum promovido em São Paulo, ele citou que entre os fundamentos
que são desprezados pelo mercado estão a quebra da safra cafeeira na América
Central, que deverá ser de 2,7 milhões de sacas em função da infestação do fungo
roya, e os baixos estoques do produto nos países importadores, os quais devem
ser os menores registrados na série histórica.
A consultora Judith Ganes-Chase, presidente da J. Ganes
Consulting, é outra respeitada profissional do mercado a chamar a atenção para o
fato de não haver excedente mundial de café. De acordo com ela, também durante o
fórum realizado ontem em São Paulo, é impossível crer em alguns números que
indicam que o estoque global seria superior aos maiores volumes já armazenados
na história do Brasil (mais de 40 milhões de sacas), caso contrário esse café
seria visto nos armazéns de todo o mundo.
Ela anotou, ainda, que os dados sobre oferta e demanda global
não fecham e o que pode justificar isso é um consumo muito maior do que o
revelado pelas estatísticas. Para exemplificar, Judith mencionou a Indonésia,
que registra crescimento de 10% ao ano no consumo da bebida e explicou que os
jovens desse país degustam o café em processos de socialização, seja à noite nas
ruas, em piqueniques, jogando cartas, etc.
Nesse contexto, o CNC lembra que o aviso ministerial para que
não sejam autorizados plantios de café em novas áreas, com o foco sendo a
renovação das lavouras já existente, começa a surtir efeito, por isso defendemos
que, se não houver preços remuneradores, a bienalidade entre os volumes colhidos
voltará de forma acentuada no Brasil, pois não há como tratar bem os cafezais
sem rentabilidade.
O Conselho Nacional do Café mantém, também, sua linha de bem
informar aos produtores, pois esta é uma de nossas funções como representantes
do setor e, por fim, deixa o alerta aos agentes de mercado: remunere o produtor
de forma justa para que amanhã não presenciemos uma escassez do produto.
Atenciosamente,
Dep. federal Silas BrasileiroPresidente executivo do CNC
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