Aécio Neves anuncia criação de
comissão do Congresso em apoio aos presos políticos da Venezuela
"Um país como o Brasil que tem
como presidente da República uma ex-presa política não pode se calar quando
vê um país vizinho, quando assiste no país vizinho, um governo manter quase
90 presos políticos", diz Aécio ao criticar o silêncio do governo
brasileiro frente atos ocorridos na Venezuela.
O presidente nacional do PSDB,
senador Aécio Neves, anunciou hoje a criação de uma comissão especial do
Congresso brasileiro para viajar a Venezuela e avaliar a situação dos presos
políticos e a escalada da violência praticada pelo governo de Nicolás Maduro.
O anúncio foi feito após a audiência na Comissão de Relações Exteriores do
Senado, nesta quinta-feira, com a presença das mulheres de dois líderes
oposicionistas presos e de Rosa Orozco, mãe de uma jovem morta com um tiro no
rosto durante confronto com a polícia. Hoje na Venezuela existem 89 presos
políticos, segundo as ativistas.
"Uma comissão foi criada no
Senado Federal e na Câmara dos Deputados para que um grupo de parlamentares
brasileiros, de oposição e de situação, possam in loco, estar na Venezuela e
cumprir um papel que deveria estar sendo cumprido pelo governo
brasileiro", afirmou Aécio Neves em entrevista à imprensa.
A convite de Aécio Neves e Aloysio
Nunes, presidente da Comissão de Relações Exteriores no Senado, Mitzy Ledezma
e Lilian López, mulheres de Antônio Ledezma e Leopoldo López, presos pelo
governo de Maduro, estiveram em Brasília para relatar a dramática situação
vivida pelos venezuelanos diante da violação de liberdades democráticas e de uma
grave crise econômica que atinge o país.
Aécio Neves voltou a cobrar o fim do
silêncio do Brasil em relação aos abusos cometidos pelo governo Nicolás
Maduro. O senador disse que a omissão da presidente Dilma Rousseff é
vergonhosa e representa um retrocesso do Brasil na defesa da democracia, das
liberdades e dos direitos humanos na América Latina.
"A omissão do governo brasileiro
em relação à escalada do autoritarismo na Venezuela é vergonhosa. Nos atinge
a todos, enquanto cidadãos que somos, e democratas que devemos
permanentemente ser. O que queremos é que, em primeiro lugar, as regras
democráticas do Mercosul sejam respeitadas pela Venezuela e, se o governo
brasileiro se omite por relações ideológicas, ou sei lá de qual natureza,
inaceitáveis, cabe às demais forças políticas ocupar esse vácuo",
afirmou Aécio Neves.
Presos políticos
O senador lembrou ainda que a
presidente Dilma Rousseff foi um dos presos políticos da ditadura no Brasil.
"Um país como o Brasil que tem como presidente da República uma ex-presa
política não pode se calar quando vê um país vizinho, quando assiste no país
vizinho, um governo manter quase 90 presos políticos. É hora de o governo
brasileiro agir conforme espera a grande maioria dos brasileiros em defesa da
democracia na Venezuela. É uma omissão inaceitável", criticou Aécio
Neves.
"O que queremos com a presença
dessas importantes ativistas que têm viajado por toda a região é chamar
atenção do governo brasileiro, das autoridades brasileiras, porque quando se
fala de democracia, quando se fala de liberdade, de direitos humanos, não há
que se respeitar fronteiras, pois esse autoritarismo que hoje ceifa vidas,
pune com cárcere opositores do governo na Venezuela e, amanhã, estará
acontecendo em outros países se não houver um basta", disse o presidente
do PSDB.
Agradecimento
Lilian López, mulher de Leopoldo
López, agradeceu a solidariedade dos senadores brasileiros ao povo
venezuelano. "Obrigado ao Brasil, obrigado ao Senado. Hoje, nós mulheres
venezuelanas, representamos as famílias de presos políticos e a voz das
vítimas venezuelanas. Esperamos solidariedade da região. Esperamos a união do
Brasil e Venezuela em uma só voz, a voz do respeito aos direitos
humanos", disse Lilian em entrevista à imprensa.
As ativistas venezuelanas estão em
viagem por países sul-americanos em busca de apoio para o fim da repressão em
seu país. Nesta quinta-feira, foram recebidas na liderança do PSDB do Senado
e na Comissão de Relações Exteriores numa audiência que reuniu líderes de
oito partidos e foi marcada por depoimentos em defesa da democracia e por
críticas à conivência do governo brasileiro ao que ocorre no país vizinho.
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sexta-feira, 8 de maio de 2015
Aécio Neves anuncia criação de comissão do Congresso em apoio aos presos políticos da Venezuela
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