*Por padre Márcio José do Prado
Quando
falamos da nossa vida segundo o Espírito Santo, não devemos imaginá-la
fora da realidade. O Pai ama por meio do Filho (Jo 10,17) e derrama o
Seu Espírito, o Defensor, para que permaneça com os Seus (Jo 14,16), ou
seja, é um dom de Deus para toda a humanidade.
Desde
os primórdios, os padres ensinam que a Igreja nasceu no Espírito Santo
dado por Cristo no alto da cruz e também no cenáculo em Pentecostes. O
Pentecostes, narrado no livro dos Atos dos Apóstolos, capítulo 2, é o
mais famoso relato sobre Sua vinda, porém houve outros Pentecostes (Atos
4,31; 8,16-17; 11,44-48).
A
Igreja nasceu no Espírito Santo. Ela é movida, sustentada, guiada por
Ele. Enfim, sem o Espírito Santo fica difícil pensar na Igreja e em seus
membros. Nós não podemos e não conseguiremos viver sem o sopro do
Espírito.
O
Espírito Santo é invocado nos sacramentos. Quando somos perdoados no
sacramento da penitência, somos perdoados pelo Espírito enviado do Pai e
do Filho, e assim todos os sacramentos são realizados pela ação do
Santo Espírito.
Quando
falamos da vida segundo o Espírito Santo, não é uma vida desvinculada
de si mesma; aliás, a vida humana é composta pela realidade física,
biológica, psíquica e espiritual. Nenhuma deve ser descartada, pois o
ser humano é um todo. Somos um conjunto e precisamos reconhecer que,
quando a vida espiritual vai mal, as outras realidades acabam indo mal; e
quando se vive uma espiritualidade sadia, consegue-se lidar melhor com
os males físicos e psíquicos.
Temos
de valorizar a vida espiritual, uma vida segundo o Espírito Santo de
Deus. Uma das grandes dificuldades que as pessoas vivem é uma vida sem
sabor, sem sentido, uma vida de erros, à qual chamamos de pecado. Uma
vida sem o auxílio do Alto é fadada ao fracasso. Quantas pessoas doentes
no espírito, quantas pessoas perdidas!
Precisamos ter uma vida no Espírito para que todos sejamos saudáveis, fortes, esperançosos, para que não desanimemos frente às limitações humanas e aos poderes do mal.
Essa
vida é vivida sob a orientação de Deus, sob a moção divina, por meio de
uma vida de oração, do contato com Deus, onde o Espírito Santo é quem
nos impulsiona, é o que nos esclarece e ordena, é Aquele que nos faz
perseverar e entender as situações. E mesmo que não as entendamos, Ele
nos dá esperança, sentido à nossa vida.
Nós
devemos buscar uma vida em Deus não só nos momentos difíceis, pois todo
o tempo estamos sendo testados. Somos chamados, a cada momento, a dar
uma resposta coerente, segundo o Cristo.
Jesus,
como narra o evangelista João, soprou sobre os discípulos o Espírito
Santo (Jo 20,22). O Paráclito não foi derramado sobre um, mas sobre
todos os discípulos, sobre a primeira comunidade reunida, a Igreja.
Assim, eles se tornam apóstolos, e, encorajados pelo Sopro Divino,
anunciam, com ousadia, o Cristo Ressuscitado.
A
Igreja é mãe e mestra, afinal, são dois mil anos de experiência, de
acertos e erros. Nós aprendemos e somos educados por ela. Quando digo
que vivemos movidos pelo Espírito, digo que somos movidos pelas
orientações da Igreja. O Espírito nos orienta quando nos colocamos em
oração, quando precisamos realizar algo; principalmente quando tudo isso
está dentro daquilo que a Igreja aprova e nos orienta.
A
vida segundo o Espírito Santo nos faz pessoas melhores não para nós
mesmos, não para nos sentirmos bem, mas ela nos leva ao necessitado, nos
faz desprendidos das coisas terrenas, livres para servir aos outros e
amá-los.
*Padre Márcio do Prado, natural de São José dos Campos (SP), é sacerdote da Comunidade Canção Nova e Vice-Reitor do Santuário do Pai das Misericórdias.
Twitter: @padremarciocn
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