Bandeira: símbolo gráfico de uma
identidade nacional e pessoal em uma cultura de moda global e idealizada. Aqui,
Raf Simons, diretor artístico da mai son Christian Dior, explora de
maneira literal uma nova alta costura, emancipada. Ele propõe uma visão do
processo criativo que implica, de modo lúdico, as identidades ao mesmo tempo
pessoais e culturais de ambos o criador e sua cliente.
"Comecei observando as clientes
de alta costura de diferentes continentes e culturas, assim como seus estilos
próprios", explica Raf Simons. "A coleção evoluiu para representar a
Dior não apenas em torno de Paris ou da França, mas confrontando um vasto
mundo com diferentes culturas que influenciam a maison e a mim
mesmo".
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A coleção é dividida em quatro
universos distintos: a Europa, as Américas, a Ásia e a África . Cada um deles
possui uma simbologia própria no que representam enquanto cultura de moda para
Raf Simons e Christian Dior. A Europa se concentra no status mítico da mulher
parisiense e seus profundos vínculos com a história da maison Dior. O
Universo das Américas é audacioso, dinâmico e gráfico, com um lado esportivo -
essa bandeira veste uma carga emocional muito particular. A Ásia representa
siluetas perfeitamente equilibradas entre tradição e pureza - a arquitetura e a
precisão da construção das peças de roupas são, nesse caso, o foco principal. A
África representa a liberdade, a leveza e a criatividade inata; um estilo
especialmente inspirado pela cultura Masaï.
Cada um desses universos é abordado
de maneira extremamente profunda, mas ao mesmo tempo leve. Um lado lúdico se
combina a uma sensibilidade pop que percorre todo o conjunto do desfile.
Aparentemente simples e evidentes, a coleção exige, em cada detalhe, o mais
extraordinário savoir-faire dos ateliers de alta-costura da
Dior. Técnicas tradicionais de diversos horizontes se mesclam, como, por
exemplo, o shibori japonês - um trabalho com nós e tingimento de tecidos
que cria moldes distintos - e técnicas clássicas da couture francesa -
tal como o bordado de plumas que pode ser visto sobre um vestido majestoso, como
se fosse estrelas.
Como de costume, a cliente de
alta-costura está no centro dessa coleção. A relação particular que se cria
entre o couturier e a cliente é uma verdadeira troca criativa que não se
limita em valorizar apenas o corpo, mas também a alma.
"O que eu queria, acima de tudo,
era trazer um verdadeiro senso do real para a alta-costura", explica Raf
Simons. "E essa coleção se concentra sobre a própria realidade da mulher que
leva em consideração sua cultura e sua personalidade. O que importa não é apenas
como ela vai usar as peças, mas como ela vai escolher vesti-las. Sua liberdade
de escolha reflete quem ela é de verdade".
A ideia de liberdade e de escolha
se desenvolve igualmente na apresentação da coleção. Quatro fotógrafos: Patrick
Demarchelier (para a Europa), Willy Vanderperre (para as Américas), Paolo
Roversi (para a Ásia) e Terry Richardson (para a África), foram escolhidos por
Raf Simons para dar suas próprias interpretações e visões da coleção durante o
desfile. São suas imagens, fotografadas em backstage em seus próprios
décors, que serão projetadas ao vivo nas paredes do cenário. Elas representam o
apogeu visual desta nova visão de uma alta costura simultaneamente mundial e,
apesar de tudo, pessoal.
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